Rápido, me passe uma outra agenda,
a memória quer muito ver se lembra
do imbuído...
Qual que é a tal lei de número zero,
do quanto mesmo que ainda tolero,
do que tenho esquecido.

Me passe todas fichas desse arquivo...
esqueci, veja só, que ainda estou vivo,
programado.
Quero aqueles agarranchados bilhetes,
os áudios mofados da voz em falsete.
O que tenho de guardado?

Tem alguma fosca fotografia antiga?
Qualquer uma que da infância diga,
um amigo?!?!
Uma carta que tenha sido recebida?
Não vale correspondência de dívida...
Algo que já tenha lido?!

O que existe dentro daquelas caixas?
Documentos, comprovantes, baixas?...
O quê?!
Todas estão inexplicavelmente vazias,
só com calendários dos meus dias?
Que fazer....

Tem mesmo um fundo falso na gaveta?
Só folhas brancas, sem risco de caneta?
Aonde? Cadê?!
Será que esse mundo aqui não é meu?
Se não, a vida não disse o quê se deu,
só me lembrou de esquecer...

Vê sobre a ultima prateleira da estante,
se há vaga lembrança, mesmo distante,
do que perdi...
Se não, escreve algo de ultima hora...
quero saber por que o coração chora,
sem nada mesmo sentir.

Balanço
27-10-2018
15h35min