Quadras do advir
No grande dia da minha morte
que meu futuro tanto condena
mesmo que a alma não suporte
me cante uma canção serena
Alguma do sul ou lá do norte
e que fale: a vida vale a pena
e mesmo que sem a tal sorte
é toda assim, tão total e plena
Então no dia que a dama aborte
essa vida que sempre me acena
esqueça flor, choro, até a morte
pois dizem: essa não envenena
E sei, por mais que me importe
que veja com jeito de ser arena
pensei em tanta coisa de porte
nada assim que reduza a pena
Num bolso, ou qualquer corte
me envelope beijos de Helena
para ajudar o meu passaporte
com a lembrança da pequena
Se acaso não der o transporte
ainda tem o sorriso da Ravena
e isso que ela tem de tão forte
quem sabe, faça da ida, amena
Se não tenho uma real consorte
tenho o cheiro da bela Iracema
e não o largarei, mesmo no bote
que no rio Hades, Caronte rema
E assim, após que a vida entorte
levo o amor, em tela de cinema
para que lá em não sei, conforte
a alma que em mim foi poema
Quadras do advir
14-11-2018
01h09min
(Murillo diMattos)
Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 14/11/2018
Alterado em 14/11/2018
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