Sou tempo
quando me mudo
em hora de fim de tarde
Sou clima
quando no topo de tudo
me transformo em tempestade
Sou fragrância
quando me seleto
em flor de tangerina
Sou a campina
quando não veto
o teor da substância
e toda cor da aquarela
que nunca termina
Quando em silêncio eu canto
nada de espanto
ou de medo
mas sou segredo
pelo que tenho de tanto
Em cada desenho
ora estou vulcão
ora mais que calmaria
Eu tenho
na ponta do pincel
todas as estrelas do céu
nuvens em harmonia
a noite e o dia
os galos do velho coronel
Meu coração
ao vento dos acasos
adianta o relógio do destino
e como maré não me atraso
E sou navegador
quando ao horizonte me atino
Sou mais fundo
que a água do ribeirão
ou quando velejo
pelo mundo
na brisa da maresia
Sou pintor das imagens
que minha visão
do Tejo
aos riachos
acho que tanto merecia
Vê,
também sou tiê
que na cor de sangue
ora é pintado
em cada galho do.mangue
ora é todo cantado
com flores de fundo
Esse é meu trabalho:
ser poeta de um quadro
chamado mundo
31-05-2025
18h02min
Para Antônio Galvão Netto
Quadro de autoria do homenageado.